24-07-2010
Antes do relato abaixo desejamos registrar o nosso agradecimento aos moradores de Laranja da Terra que tão bem nos acolheram:
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A Família Pagung, Sr. Cláudio e D. Iraci (e o loro é claro) |
Ao nosso amigo Carlinhos Jarske |
Ao nosso "Anjo da Guarda" categoria Sport 1° Dia nosso amigo Edcleison |
Relato..... do amigo E.Siqueira
Survivor
Trip Trail 2010 Só o ouro, sob a sombra dos
Nós que gostamos de pedalar conhecemos bem a magia que existe quando estamos sobre a bicicleta. Acho que é um fascínio que surge quando somos crianças. Eu sinceramente não lembro quando ganhei minha primeira bola, mas jamais esquecerei o dia em que montei na minha primeira Bicicleta. Ela era laranja, eu tinha 6 anos e ali nasceu uma paixão que dura até hoje e é vista no meu sorriso sempre que tiro os pés do chão e ando em duas rodas....
Para mim o “Sussu 2010” começou quando acabou o “Sussu 2009” no dia 06 de setembro ano passado, muitos já leram aquele relato que ta no site e sabem que foi cruel e teve empurrabike geral. Então me prometi que ia voltar em 2010, competir na Pró (circuito maior) e não empurrar. Bem, a promessa foi cumprida, mas doeu um pouquinho. |
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Treinei dois meses bem para prova, a bike um luxo só com 10,6kg, suspa traseira com Plataforme Plus e a vontade de pedalar de sempre. GRANDE. Do ano passado estavam Marcelão, Solimar e Adriano Stocco. Fizeram falta o Fernando Bunitão e o Rodrigão que está contundido. Calouros lá para encarar aquela bronca estavam a Kel, o Adolfo, Beto, Carlos, Renatim come come e seu Sérgio, Silvani, e a Elizângela e o Eraldo na categoria Dupla Sport. Além do Marquinho de Venda Nova. Também compareceram alguns guerreiros do ano passado como a galera da Serra e Santa Tereza. Não
posso deixar de citar que novamente ganhamos guarita na casa do Sr.
Cláudio Pagung e esposa D. Iraci que nos receberam novamente
muito bem, e logo descobri que tinha aquela manteiga. Que manteiga!!! |
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1º
Dia No MP3 coloquei só eletrônicas, trance, e Psy music. Coisa fina e acelerada pra me inspirar. A
largada soou e lembrei-me das Vuvuzelas da Copa. Aí o cabo torceu.
Eu colei com “os caras” e a prova começou num ritmo
alucinante. No plano era sempre acima de 40km/h, nas descidas era um
show a parte onde chegamos a mais de 70km/h e nas subidas o coroão
trabalhando forte com as catracas maiores, uns sentados...eu...quase
sempre já em pé. No km 2 éramos uns 16, Km 4 uns 13, Km 10 só tinha eu e mais oito, sendo 3 com as plaquinhas verdes da Sport...aí olhei pros feras e pensei tem alguma coisa errada aqui e acho que sou eu. Putz. Já tínhamos escalado duas boas subidas e eu ali na cola dos Mutantes, tava sonhando... O ritmo apertou numa descida e vi que os caras desciam bem mais rápido que eu...outro mau sinal...Matando-me no plano pra colar nos feras fui me desgastando mas era o jeito passamos a divisão do percurso...a Sport continuou num estradão lisinho e nós da pró encaramos uma subida...Pensei “vai mané tu se inscreveu na Pró por que quis agora rala”...Podia ta lá com os verdinhos zoando o Adolfo o Beto e o Adriano sem esse suplício aqui... |
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O sonho acabou e a realidade é dura galera. Na terceira subida + ou - Km 17 onde começava a ladeira para Alto Taquaral a inclinação aumentou com força e os caras na Coroa do meio numa boa véi. Se F#$%§. Eu forçando total e os caras sumindo. Eu pensando “não não please não me deixem por favor amiguinhos...” Que caras mais desunidos. Me largaram. Aí fui no meu ritmo, forte mas nada parecido com o pessoal da Marvel. Os dois que iam na frente eram uns monstrinhos de Ibatiba-MG, iam batendo papo, trocando figurinha. A expressão no rosto dos Fiii de pica parecia a minha sentado num boteco tomando uma cerveja gelada e jogando porrinha. Sinceramente nessa hora eu pensei pô e a negada diz que eu puxo muito nas subidas. Bateu uma certa deprê ver o “meu pelotão” desgarrando...é galera o efeito moral pesou mesmo. Me senti abandonado, largado na coroinha com a segunda catraca. Veio uma descida bem forte e com curvas e quase sobrei numa delas, aí percebi que os pneus Ultralight de 310g (26 x 1.9) com cravos baixos que coloquei para a prova favorecem muito nas subidas e planos, mas nas descidas não dão segurança nenhuma. |
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Uns 3kms depois o Evandro Albani “Farinha” de Guarapari me alcançou (numa descida) e pedalamos juntos um tempão, nas subidas eu deixava ele um pouco pra trás, nas descidas ele me alcançava e passava fácil. O cara tem muita habilidade mesmo e tava com pneu mais largo e com cravos além de que todos sabem que na descida não sou ninguém) e no plano ele ficava na minha sombra, aí nem tinha como eu escapar... Teve uma descida longa e difícil onde o Farinha sumiu...mas eu sabia que lá na frente vinham os 5 pontões e poderia alcançá-lo tranquilamente, pois estava subindo mais forte e andando ainda mais nos estradões planos. Lembrei que ano passado em Itaúnas passei ele no KM 45 e ele tava meio ruim com câimbras e lá não tinha descidas. Após o entroncamento das categorias passei pelo Marcelão voando baixo, ele ainda me avisou que o Farinha tinha acabado de passar e tava bem mais lento que eu. Blz. Aí
aconteceu o que eu não esperava, de repente do nada uma “fisgadinha”
na coxa. Câimbra. PQP tava muito cedo mano, ainda tinham mais
de 40km pela frente. Lasquei duas “balinhas do tiaguinho”
na goela e tive de diminuir o ritmo. De repente uns dois km depois numa
subida não muito forte onde eu já estava vendo o Farinha...QUEPICA...
Travou geral. O músculo atrás da coxa colou as placas.
Pedrou. Foi difícil descer da bike galera. Fiquei ali igual um
“galo dentro d’água”. Tentei alongar. Marcelão
me alcançou e me arranjou mais dois pacotinhos das balas anticâimbra
e ficou ali dando uma força moral. Passados uns 5 minutos eu
melhorei. Voltei a pedalar e a intensa dor passou, mas ficou a lembrança o tempo todo. Tomei bastante água, comi barrinha, e a mistura do gel repositor VO2 com mel de abelha e Amino acid Plus que tinha preparado, fui “evoluindo” e acelerando, passei um bike da Sport e nem vi quem era, alcancei o Carlos e dei um sossego de uns minutos ao lado dele, quando resolvi apertar foi até engraçado, “falou Carlos vou acelerar valeu....Caraííí...” Uma fisgada forte dessa vez na panturrilha. Foi o jeito diminuir e ficar na moita, fiquei girando molinho, mas não parei, vi o Carlos rindo numa boa no ritmo dele e me deixando pra trás. Minutos depois e mais duas balinhas trituradas e engolidas com água, acelerei e passei pelo Carlos, mas a câimbra ficou vez por outra perturbando. |
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A parada da mistura não deu muito certo porque o gel meio que grudou no fundo e vinha mais mel com amino e eu tinha que ficar meio que sugando o líquido que tava numa garrafinha bisurada (Não era pote da maionese valeu minha nega) mas aí parei no PC e enchi de água que dissolveu o gel e passou a funcionar melhor. Ao entrar no início da subida dos 5 pontões estava bem, mas não forcei, fui na boa pra que a câimbra não voltasse. Passei outros bikers da categoria Sport. Tinha gente empurrando. Na metade da ladeira vi que mudaram o percurso, pois ano passado entravamos a esquerda antes da mata de pinhos, ali era o trecho mais inclinado e onde todo mundo empurrou, mesmo assim o percurso continua desafiador. Lembrei que também tiraram a ladeira do Cafezal que era outra encrenca logo no começo. Passamos bem de frente para os cinco pontões e ali percebi que a pedra é bonita mesmo, putz o céu azul limpão atrás tava uma pintura. Tinha um trecho que tava molhado e meu pneu cravinho começou a patinar, ginga pra lá e cá, equilibra e nada, deu não. Tive que me apoiar e empurrar. Mas ali acho que quase todos empurraram pois tinha até rastro de furos de cravos de sapatilha. Tb acho que foi só uns 20 ou 30 metros então nem conta. No final cheguei pertinho do Farinha, tava menos de 100 metros. Mas aí veio a incrível descida dos cinco pontões e o cara sumiu. Parei por alguns minutos para apreciar a vista do vale e recuperar o fôlego da subida lógico. Por um momento não senti dor nem cansaço, pois o lugar é divino galera. Só o Ouro sob a sombra dos cinco Pontões. Nessa hora me arrependi de não ter levado a câmera. |
....não tem problema não Siqueira, está ae parte do que você viu! (Marcelo) |
Então encarei a descida. Galera e como desce, desce muito, desce que dói. Os freios começam a cantar, o pulso a doer, a vista acelerada caçando o melhor caminho, curva fechada do tipo cotovelo, umas valetas pra lá e cá, do lado direito um cartão postal de vale e quando a curva quebrava pra esquerda um abismãoooo.... A descida é faca na caveira.... Perigosa mesmo.... Se errar é risco de PT mano, Perca Total!! Nem vale a pena arriscar pois as curvas não dão margem a muito conserto e tinha ainda umas pedrinhas soltas e valetas espalhadas pra todo lado, resultado dói pra subir e dói pra descer, mas é show de bola. Passada a descida peguei um estradão fino passando por pontes, um vilarejo com a galera fazendo festa, umas crianças gritando pra acelerar, mas depois de mais de 70kms fica meio complicado imprimir ritmo forte, mas até que estava rápido. Antes da última subida vi o renatinho no meio dela e mais um já no final que acho que era o Adriano. Pensei vou chegar junto com eles, mas a maldita câimbra voltou com força e tive de parar novamente no meio da subida. Uns minutos de alongamento, balinhas e muita água pra dentro e pra fora. Vamos completar essa peleja. Acelerei forte pra tentar pegar o come-come da estrela, mas não deu. Cheguei com 6 horas 2 minutos e 55 segundos. 92,47km. Muito cansado e com a câimbra me lascando.. Bateu uma tontura e o Beto foi quem me socorreu. Valeu migão. Dez minutos depois eu estava tomando uma gelada só o ouro e fiquei sabendo das ocorrências do dia, teve as tradicionais cagadas no mato, as compras de terrenos sendo uma em sociedade, formação do FCR (Fã Clube Renatim) e até um sujeito tirando a cueca na faca porque a rosquinha tava assando é mole. À noite tive dor de cabeça e Febre e acabei perdendo o forró. Mas foi bom que descansei legal e dormi bastante. E.Siqueira |