CAMPOS
x PORTO SEGURO
Relato
da cicloviagem realizada entre os dias 16 e 26 de julho de 2007, de
Campos dos Goitacazes/RJ a Porto Seguro/BA, num total de 1000 km percorridos.
1°
dia. 16/07. Segunda-feira. Campos – Barra do Itabapoana. Saída
às 5 horas da manhã. Dia tranqüilo, sem sol e sem
vento. Como as condições estavam favoráveis acabei
indo direto para Barra do Itabapoana, não ficando em São
Francisco, como planejado. Cheguei às 10 horas e passei o resto
do dia, me hospedando na Pousada do Flávio. 84km.
2° dia. Barra do Itabapoana – Iriri. 83 km. Saída às
8 horas. Após uma série de sobe-e-desce, com subidas onde
a velocidade não passava dos 5 ou 6 km/h e descidas onde a velocidade
podia atingir até 50 km/h, cheguei ao paraíso –
Lagoa do Siri. 37 km. Tomei água de coco, descansei, tirei fotos
e segui viagem. Em Marataízes almocei e providenciei a limpeza
da corrente da bike que estava com muita areia.
De Marataízes até Iriri só vento contra –
32 km. E tome pedalada! Chegada a Iriri às 15:40. Depois de um
banho demorado saí para tomar uma gelada que ninguém é
de ferro.
3° dia. Iriri – Barra do Jucu.76 km. Saída às
07:35. Tome mais vento! Cheguei a Guarapari às 10:50. Na casa
do meu cunhado, tomei banho, tirei fotos com as crianças e filei
um almoço, saindo às 14:10. Às 17:30 cheguei à
Barra do Jucu, onde pernoitei numa espelunca. A noite foi um horror.
Dormi cedo e acordei às 23:50 e não consegui dormi mais
com os mosquitos me atormentado; o calor era grande e não tinha
ventilador. Imagina que espelunca! Só não caí na
estrada a uma da manhã porque não quis arriscar atravessar
Vila Velha numa hora dessas.
De Guarapari até Barra do Jucu a rodovia é muito boa,
sem buracos, mas o vento castigou de novo. Foram 21 km sem trégua
e sem um lugar para parar. Somente próximo ao pedágio
foi que achei um pequeno supermercado, onde tomei suco e água.
E tome mais 18 km de vento até Barra do Jucu!
4° dia. Barra do Jucu – Barra do Sahy. 102 km. Lá pelas
duas e poucas dei uma cochilada. Parece que o protetor solar fez algum
efeito sobre os mosquitos. Às cinco horas caí na estrada
de novo. Que alívio!
Já em Vila Velha, na subida da 3ª. ponte foi que descobri
que não podia subir de bicicleta. Há uma placa enorme
bem no início da subida. Vi a placa mais me fiz de desentendido,
achando que ninguém ia criar problemas às cinco e meia
da manhã. Engano. Quando estava no meio da subida ouvi alguém
gritando lá embaixo: “Ei, bicicleteiro, volta aí,
não pode subir não”.Bom, voltei e pedi desculpas,
disse que não tinha visto a placa coisa e tal e o funcionário
me ensinou o caminho alternativo para Vitória, mais longe, claro.
Mas de qualquer forma o tempo ajudou: céu nublado e vento sudeste
soprando leve. Cheguei a Barra do Sahy às 11:45. Depois do sufoco
de ontem tomei vergonha e comprei repelente. Passei o resto do dia e
dormi em Barra do Sahy.
5° dia. Barra do Sahy – Água Limpa. 135,6 km. De volta
à estrada às 05:35. O dia promete ser bom, com um vento
sudeste soprando de leve. Em Vila do Riacho acaba o asfalto e começa
uma estrada de terra. 36,5 km de muita poeira. Somente em Bananal do
Sul começa o asfalto de novo. No meio do caminho errei a entrada
para Regência e acabei indo direto para Linhares, onde almocei.
Como errei o caminho para Regência, acabei adiantando a viagem.
Nesse dia foram 135 km de pedal. Pernoitei em Água Limpa, a 28km
de São Mateus. Pesei a bagagem: alforges = 8kg; pochete = 1,700kg.
6° dia. Água Limpa - São Mateus. Somente 29 km até
a casa do amigo Wlademir. Passei o dia com ele a família. De
manhã fomos a Guriri e à tarde a um aniversário,
de penetra.
Alguém já escovou o dente com hipoglós? Eu já.
Quando fui pegar o material no alforge, meio no escuro, acabei confundindo
o tubo de hipoglós com o de pasta dental. Não façam
isso, é um horror!
7° dia. São Mateus – Itaúnas. 60 km. Saí
da casa de Wladi às 06:40, antes de todos acordarem e cheguei
em Conceição da Barra às 09:50. Fiz um passeio
pela cidade e almocei. Molhei os pés na água do mar pela
primeira vez. De Conceição da Barra até Itaúnas
são 20 km de uma estradinha muito poeirenta. Cheguei em Itaúnas
mais ou menos às duas e meia. O vilarejo estava animado e acabei
ficando, depois fiquei sabendo que estava havendo o Festival Nacional
do Forró. Fato que me chamou a atenção foi que
para se chegar à praia deve-se escalar uma duna enorme.
8° dia. Itaúnas – Teixeira de Freitas. 129 km. Ao sair
de Itaúnas em direção a Pedro Canário, às
7 horas, havia um baile no meio da ponte que eu deveria atravessar.
Isso mesmo! Um grande forró com direito a zabumba, triângulo
e tudo o mais. O jeito foi sair pedindo licença aos dançantes
e atravessar o baile.
De Itaúnas a Pedro Canário são 39 km de estrada
de terra, a maior parte no meio do nada. Somente eucalipto para todo
o lado.
De Pedro Canário até a divisa ES/BA são 16 km.
Cruzei a divisa às 12:35, em direção a Teixeira
de Freitas. Aí começou o inferno. O acostamento é
uma merda! Buraco, areia e mato se revezando para acabar comigo. E eu
ali, tinhoso. Não podia ir para a pista porque não parava
de passar carretas transportando eucalipto, então tinha que pedalar
pelo acostamento esburacado e nas descidas precisava controlar a bicicleta
em baixa velocidade. Quando havia uma brecha eu ia para a pista principal,
mas era difícil isso acontecer. Cada 10 km parecia uma eternidade.
Eram quase oito horas da noite quando cheguei à Parada do Pedrão,
a 15 km de Teixeira de Freitas. Pernoite a 15 reais, com direito a ventilador
de teto, “farto” café da manhã e chuveiro
gelado. Foram 70 km de sufoco. Velocidade média do percurso:
13,1 km/h.
9° dia. Teixeira de Freitas (Parada do Pedrão) – Alcobaça.
72 km, a maior parte contra o vento, principalmente os últimos
20. Chegada às 12:35 bastante cansado. Primeiro mergulho no mar
desde que saí. Pernoite a 12 reais com café da manhã.
Razoável.
10° dia. Alcobaça – Itabela, passando por Prado e Itamarajú.134
km. Cheguei em Prado com chuva e o velocímetro parou de funcionar.
Fiz um pequeno passeio pela cidade meio deserta e tomei água
de coco.
Prado – Itamarajú. 51 km (o velocímetro/odômetro
voltou a funcionar) com chuva intermitente quase todo o trajeto. Chegada
às 14 horas em Itamarajú. Lanche e estrada de novo. Preferi
não ficar em Itamarajú porque ainda era cedo e a cidade
muito feia.
Itamarajú – Itabela. 60 km de muitas subidas longas e parte
do pedal à noite. Cheguei às 19:25 no Posto Sítio
Novo na entrada de Itabela.
11° dia. Itabela – Porto Seguro. 89 km. Saí de Itabela
às 07:17 com céu limpo e sem vento. De Itabela até
Eunápolis são muitas subidas longas de 2 ou 3 km. De Eunápolis
a Porto Seguro o trajeto é mais plano.
Porto Seguro. 14:25 cruzei o portal da cidade. Hospedagem no Albergue
da Juventude (Porto Seguro Hostel), bem no centro da cidade com diária
a 21 reais para sócios, com direito a piscina, ar condicionado
e café da manhã. Agora é hora de relaxar.
27/07. 12° dia. Passeio a Trancoso e Arrail d’Ajuda...de ônibus.
28/07. Passeio de bike pela orla Norte: praias de Curuípe, Itacimirim
e Mundaí. Visita ao Memorial da Epopéia do Descobrimento.
Às 17 horas peguei o ônibus para retornar. (15
horas de viagem de volta num ônibus. É muito cansativo!!!!)
Cláudio
Siqueira |