home



Município de Laranja da Terra
Espírito Santo - Brasil
05-06/Setembro/2009

Relato: Marcelo

Chegamos eu(Marcelo), Siqueira e Fernando dia 04 na sexta-feira a noite em Laranja da Terra.
Logo o Thiago Mol - Organizador, nos levou para a casa da Família Pagung, Sr. Cláudio e Sra. Iracy, pois ficaríamos hospedados lá.

Como em Laranja da Terra somente existem 2 hoteis, a organização do evento providenciou + duas alternativas de hospedagem:

> Ficar na escola "de gratis".

> Ou ficar nas casas das famílias pela cidade, chamado Projeto Família Campeã, com custo simbólico da hospedagem.

Devo ressaltar que desejava ficar em um hotel devido a privacidade, não incomodar ninguém...etc... mas depois que fiquei hospedado na casa da família Pagung, pude observar o motivo do nome do projeto, pois os moradores de Laranja da Terra são todos campeões!!

Sr. Cláudio e Sra. Iracy

Bem vamos para o 1° dia, aprox. 84 Km com muuuitas e fortes subidas:

Depois do congresso técnico onde foi apresentado os percursos das categorias Pro e Sport, largamos pontualmente às 9:00 hs.

Desejava participar do Survivor, tava meio gripado e fora da melhor condição física, assim não estava preocupado com a competição, e sim em conhecer o local, tirar fotos/filmar, dessa maneira fiquei como último ciclista e tive a companhia do motoqueiro Gilberto, gente muito fina!!

Depois que saímos da cidade pegamos uma estrada relativamente plana, mas logo iniciou um single track em subida por dentro de uma plantação de café...... pessoal vocês não tem idéia do calor que fazia, eu estava com uma camisa de manga comprida .... e estava muuuito quente.
Ainda no cafezal o Gilberto informou que havia um ciclista adiante com a bike quebrada e necessitava de ferramentas, quando o alcancei vi que era o amigo Júlio César, estava com o cubo da bicicleta travado, além de estar sofrendo também com gripe e calor. Enquanto dava uma força ao Júlio, pedi ao Gilberto alcançar o companheiro Fernando, pois na mochila dele tinha uma outra camisa minha, mais apropiada para a alta temperatura.

Troquei a camisa, saímos do cafezal, descemos até o 1° ponto de apoio, onde numa casa o Júlio pode acertar +- o cubo em um torno.

Despois de uma descida e um trecho plano pegamos a 2ª subida do dia, mas nesse ponto o tempo já havia mudado ... São Pedro é ciclista!! ... ficou nublado, caia uma chuva fina e tome empurra bike morro acima !!!

Na descida entramos em outro single track com vegetação muito fechada, onde vimos um cacto tamanho gigante!! (vide foto e filme).
Saímos do single, passamos pelo segundo ponto de controle/apoio e seguimos para a Vila de Laranja da Terra, no caminho conhecemos a maior fazenda de peixes(!) do Espírito Santo, vale visitar!

Chegamos em Vila de Laranja da Terra, outro ponto de apoio, eram 13:30 horas, ainda faltavam 50 km de pedal e a parte mais dura, a escalado dos 5 Pontões, ainda estava por vir(!).
Ao continuar..... completaríamos a prova de noite!!!!!

Café Manhã

Congresso Técnico


Cacto

Cafezal

Eu (cansado) + Júlio (com o cubo estalando) demos por satisfeitos, "batemos o sino", retornamos para Laranja da Terra, e chegamos com 40 km de pedal.

Próximo ano, sem gripe, mais magro, melhor preparado e com uma bike mais leve ..... quem sabe completo o 1° dia!!

Abs,
Marcelo

Que soube de outros atletas:
> O Survivor pode ser considerado uma prova muuuito dura, TOP a nível Brasil.
> A subida dos 5 pontões ... é desumana!
> Teve ciclista: Desmaiando, vomitando, cortando caminho, indo pro soro, jogando a bike fora no meio da prova(rss), pegando carona, tombos, desistindo....
> O empurra bike foi geral.
> Algumas bikes não aguentaram o tranco! e olha só tinha coisa boa...

>>>>>>>> mas ano que vem todos estarão de volta!!!!!!


Relato 2: Fernando

Localizado a aprox. 170km de Vitoria, o municipio de Laranja da Terra tem aprox. 12. 000hab. sendo sua maioria de origem alemã .... os Pomeranos.

Chegamos sexta a noite, depois de algumas cervas o jantar ficou por conta do mestre Marcelão.

1° dia de pedal.

Pedal muito técnico com muitas subidas aclives banstante acentuados sendo que no km 50 na Vila Cinco Pontões resolvi não mais continuar, pois segundo informação que tive >> as proximas subidas eram um "empurra bike só", tanto na categoria Pro e Sport então resolvi fazer o entorno do parque de carona em um carro tipo van, eliminando 14km de sofrimento sem sentido pois bike foi feio para pedalar e não para empurrar.

Dei continuidade ao pedal e finalizei com 70.20km.
A noite algumas cervas e o jantar ficou por conta do mestre Marcelão, um capeletti muito bom.

Bons Pedais,
Fernando B.


Relato 3: Siqueira

1° Dia.

Começamos tomando um delicioso café da manhã na casa do Sr. Cláudio Pagung e esposa Sra. Iracy, o casal que nos hospedou em Laranja da Terra. Aliás, hospedagem nota mil, melhor do que qualquer hotel que poderíamos ficar diante da simpatia de nossos anfitriões.

Eu tinha feito uma preparação razoável para o survivor, durante as últimas semanas fiz vários pedais de mais de 50 km com ritmo forte e incluindo passagens repetidas na subida do hotel ilha do boi e muito treino de cadência sempre com 90-95 rotações. Também investi na bike trocando umas peças pra ela ficar mais leve. Um pouco antes da largada Eu, Marcelo, Fernando e Rodrigo tomamos um Redbull de litro pra “dar asas”.

Na largada tomei um susto, pois a moçada saiu “descendo o bambu”, e aí pensei: Ou eu to ruim paca ou essa galera ta bem demais. Então fui puxando aos poucos e não vi mais até o fim da prova o mestre Marcelo e o Fernando. Foi um trecho mais ou menos plano e vi a moçada sumindo nas carreiras. Após uns 15 minutos, já aquecido, acelerei mais forte.

Km 09 num singletrack em subida por dentro de um cafezal comecei a ver “os caras”. Já tinha “empurro terapia”, eu tava na vovozinha, dava pra subir, mas após o meio da subida resolvi empurrar também, pois a velocidade era a mesma que pedalando. O calor aumentou forte nesse setor. Passei alguns bikers e juntei com o Colega Solimar no fim desse aclive.

No KM 16 tinha uma passagem molhada com uma descidinha antes. O Solimar caiu, eu soltei o freio e desci embalado, ele me avisou “vem não que ta uma liseira só”. Ache que eu escutei? PN, e aí LONA. Bike decolou no mato e eu fiquei de bunda ralada dentro d’água. Na adrenalina agente sacudiu a poeira, ou melhor, a água e bola pra frente. Percebi que na queda o câmbio traseiro desregulou e ficaram duas machas pulando, não importava a coroa que estivesse. No Km 27 Rodrigo acompanhado de outro ciclista da sub-30 me alcançaram; Eu tava com a bike de cabeça pra baixo tentando regular o câmbio, e ficou um pouco melhor, assim parti acompanhando os parceiros pra não ficar muito pra trás.

Nesse trecho que não tinha grandes elevações, passamos pela Vila de Laranja da Terra e tinha uma torcida nativa fazendo a maior festa. Forçamos o ritmo deixando o “sub-30” na poeira e passamos alguns competidores que começavam a cansar. Dois estavam conversando e ouvi quando um perguntou pro outro: “Já passamos dos 40? falta quanto pros 65?”. 65? Como assim? No meu planejamento achei que eram 81 km no primeiro dia, estávamos com 38 km e eu vinha me poupando, então pensei que se eram “só” 65 km era a hora de puxar mais. Desci o bambu com força...

No km 43 Rodrigo começou a falar uma palavra chata de se ouvir em pedal: Câimbra. Estávamos subindo desde o km 41. No Km 44 já na vovozinha resolvi consultar a altimetria, pois a dúvida quanto à distância do percurso tava me preocupando. Afinal 65 ou 81? (Faz um diferença...) Na minha altimetria tinha 81 km certinhos. Rodrigo encostou com a câimbra atacando e eu continuei forçando, pois tava me sentindo bem.

No KM 47 alcancei o Solimar num plano curto e ficamos por uns 2 kms juntos, mas aí veio o trecho cruel. Começou uma subida que durou 9 kms até chegar aos 5 pontões. Solimar foi ficando. Pra não lembrar muito a tortura vou resumir em três palavras: “QUE PICA MALANDRO”. Vovozinha, empurra bike geral, câimbra, calor, abuso, vontade de desistir, etc. Mas não parei (mesmo empurrando). Passei um cara vomitando; um grupo de três com o mapa na mão discutindo, pois pensavam ter errado o caminho (um estava dizendo: cinco pontões é o caralho); outro jogou a bike no chão e tirou as sapatilhas; tinha um biker deitado numa “parada de ônibus”. Falei: Mano! Hoje é sábado! O busão só passa segunda, aliais, segunda é feriado! O cara fez uma cara de “PQPVTN ÚC FDP” e disse “to só descansando enquanto meu amigo chega; Te passo já”. Depois fiquei sabendo que o amigo dele era o cara vomitando. Vi os dois chegando juntos só o bagaço. Levei 1h42m pra percorrer esses 9 km.

Chegou uma descida irada. Em pouco mais de 5 kms desci do ponto mais alto da prova à 905m para 190m de altitude. Maravilhoso. Nessa hora a bike Full mostra sua vantagem. Soltei as suspensões ao máximo e despenquei. Cheguei a 72,1 km/h. “DO CARAAAÍÍÍÍ MANOS”. Vi um cara tombando numa curva, mas não tive como parar pra ajudar. Cheguei ao ponto de apoio (km 63) com os pulsos e mãos doendo. O disco de freio tava azulado da temperatura. Avisei do cara que caiu. Coloquei água no Camelback e sentei o bambu, pois faltavam “só” 19 kms sem previsão de “alpinismo” e se eu esfriasse a prova acabava ali.

No km 69 alcancei dois caras pedalando juntos, fiquei na cola um tempo e vimos outro competidor. O cara nos viu e acelerou com gosto; Eu consegui colar nele e passei numa descida curta. Nos últimos 10 kms pedalei sozinho mantendo o ritmo. Incrível mas neste trecho final já não sentia dor, câimbra, desanimo ou cansaço. Parecia anestesiado. Repetia mentalmente: Ta chegando, ta acabando, ta no fim, Vou tomar um montão de cerveja gelada!!!. No velocímetro 81km e nada; 82km e nada; 83km... PQP @#$%`^@#. Cadê. Fui entrando na cidade, voltinha na praça sobre o calçamento, criançada correndo, música tocando. Ufa... Chegada. Na faixa tava escrito LARGADA, mas devia ser pra se largar no chão.

O locutor falou “chegando mais um atleta. Número 88. Atleta Siqueira da categoria Sport sub-40. Quinto colocado da Sport e Primeiro da sub-40”. Nem acreditei. Caraiii... Rebentei. Vou tomar um “catatau” de cerveja. O locutor tava errado. Tinha chegado em quinto da Sport mesmo, mas da sub-40 fui o terceiro. Lembrei da subida dos cinco pontões onde pensei em jogar a toalha! E Tomei um montão de cerva do mesmo jeito....”“ Cinco pontões é o Caraaalhoo “”.

Abraço Siqueira.

Dados dia 1: Distância - 84,36 kms. Tempo Total - 6h49m27s. Tempo Pedal - 5h59m06s. Vmax - 72,1 km/h. (Irado) Vmed – 14,1 km/h. Alimentação/hidratação – 3 barrinhas de carboidrato, 2 de proteína, 2 paçoquinhas, 6 saches de carbogel, 120 ml de mel de abelha, uma latinha de energético Start (km40), um squezer de marathon e uns seis litros de água. Hã teve uma colherinha de sal que arrumei numa casa do caminho na hora que a câimbra apertou.

 

Dados do pedal (Marcelo)

Tempo de pedal > 4:05 horas
Tempo parado > 2:02 horas
Distância > 40,5 Km
Velocidade máxima > 46,8 Km/h
Velocidade Média > 11 Km/h
Calorias gastas:
2371 cal
Batimento cardíaco médio
123 bpm
Batimento cardíaco máximo
171 bpm
Altitude máxima
635 mts

ALTIMETRIA

MAPA

Os 5 Pontões é uma formação rochosa muito legal, dependendo do ângulo que se observa, fica totalmente diferente!!


CLIQUE NAS FOTOS PARA AMPLIAR




AMDG
"Ad maiorem dei gloriam!
inque hominum salutem"

 

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Trilha Capixaba